Mosaico dos Mosaicos

 Mosaico dos mosaicos – eis uma síntese das peças produzidas em 2020. Para mim é o ano que ficará dolorosamente marcado pela partida de painho em fevereiro e da pandemia do novo Coronavírus, o qual teve o primeiro caso confirmado em Pernambuco no mês de março.

A partir disso o isolamento social foi necessário, o trabalho remoto foi de fácil adaptação, mas ver tanta gente (inclusive amigos) perderem parentes para o COVID-19 foi assustador.

Quanto aos meus finais de semana, estes se resumiram em chorar a ausência de painho e continuar isolada com medo do vírus (acho que toda pessoa asmática como eu maximiza o medo desse bicho).

Diante disso, a produção dos mosaicos foi alternativa para ocupar meus finais de semana. Vendi, presenteei e doei.

Agora estou dando uma pausa; espero voltar em 2021 com mais ânimo, mais energia e VACINADA.

Obrigada, pessoas!

 

 

Companhia nada agradável

Ela tem sido uma companhia tão desagradável. É inconveniente porque insiste em aparecer mesmo quando eu tento ficar distante. É perversa porque tende a cutucar aqueles machucados ainda não sarados.

As vezes sinto-me tão forte, chegando a pensar que ela é inofensiva. Outras vezes é ela quem se ergue, fazendo-me sentir sem forças. 

Sem forças eu recorro ao trabalho, à escrita, à leitura e nas horas vagas vou “mosaicando”, juntando os cacos, montando esse quebra-cabeça sem fim.

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Depressão e seus gatilhos

As reações sentidas por quem sofre de depressão apresentam-se de formas diversas; são sentimentos oscilantes, estágios divergentes, dores ocultas para quem sente (porque a gente não sabe onde dói), e inexistentes aos olhos de quem nos vêm (porque naturalizam o que sentimos).

É preciso que TODOS\as entendam que depressão é doença; logo, tem explicação científica. Aconselho quem sofre desse problema ler bastante sobre o assunto, pois isso ajudará montar o quebra-cabeça que vai se formando a cada fase do processo; ajuda desatar os nós que vão se formando a cada gatilho; ajuda identificar os gatilhos.

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Vale lembrar que quando se trata de gatilhos, estes estão em todas as partes. Podem estar dentro de casa ou no ambiente de trabalho, quando duvidam e zombam da tua depressão. Podem estar no resultado de uma eleição presidencial, quando o derrotado é o povo. Podem estar no julgamento de um estuprador rico, quando quem perde é a vítima. . .

Para além de compreender o problema através da leitura, busquem também uma terapia ocupacional. Ressalto que ambos são importantes, mas não substituem a ajuda profissional; se complementam!

 

Do verbo Mosaicar

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Nessa antiga arte de juntar as partes e fazer um todo, vou mosaicando como se fosse verbo.

Quebrar, cortar, lapidar, juntar, encaixar, montar, desmontar, fazer e refazer.

Mosaicar me permite voltar atrás; se não curto, desfaço.

Mosaicar me permite também ressignificar; sendo assim vou dando sentindo ao que já está posto.

Conjugar o verbo Mosaicar no tempo de ressignificar tem sido a minha mais difícil tarefa.

É preciso resignificar

Vi essa imagem na Internet e achei linda. Me remeteu tantas coisas boas...

Lembrei que já usei conchinhas nos meus mosaicos.

Lembrei dos sobrinhos e sobrinhas brincando na praia.

Lembrei das irmãs e cunhadas brincando de barra bandeira com as crianças enquanto eu sorria a cada queda delas.

Lembrei que quando nos juntamos na casa de mainha fica tudo colorido assim como na imagem.

Lembrei que é preciso resignificar cada fato. 

E quão difícil é essa tarefa!

São dores, flores, amores. 

Amores que vem, outros param no caminho, amores que vão e muitos que vem pra ficar aqui dentro da gente.

Quanto às dores emocionais, a gente sente, mas não sabe dizer onde dói.

E a saudade? Significa a falta de algo ou alguém que nos faz ou nos fez bem. 

Então não deveria doer.

E se eu sinto saudade até de mim é porque falta o meu melhor.

Resta-me resignificar, compreendendo que o meu melhor está adormecido aqui dentro de mim.

Pessoas são como pedras - MosaicoTerapia

Aproximadamente 300 pétalas cortadas, 1 dedo machucado, 1 calo de sangue estourado e muitas reflexões. Entre elas a certeza de que pessoas são como pedras do mosaico. Umas são lapidadas e finas, outras grosseiras, são rudes; umas têm um encaixe perfeito, mas outras só machucam.

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Favela em mosaico

Já faz um tempo que desisti de jogar uma bandeja no lixo por acreditar que poderia torná-la útil.
Recentemente conversando com uma amiga sobre nossa época na favela e vendo o atual espaço de uma dessas comunidades, ela expressou:

"Sonhávamos com esse empreendimento que nunca chegava o dia, queria um quarto só meu, com paredes de alvenaria e teto de gesso. Mas só consegui realizar meu sonho de morar em uma casa bonita em outro bairro. Certamente fui muito feliz naquele lugar, apesar da pobreza que fazia parte da maioria das pessoas que ali residiam. Fico feliz em ver que finalmente elas conseguiram. Foi muito bom poder compartilhar com vc aquele tempo, amiga!"

E foi então que lembrei daquela bandeja. Lembrei também dos vários pedaços de cerâmicas guardados. A vida é mesmo como mosaicos. A gente pode sim juntar os cacos e reconstruir a peça.

Esta vai para minha amiga que me motivou nessa reconstrução.

Antes

Depois

Uma parte do todo assim como no mosaico

Cinco dias após partida de painho eu tive consulta com psiquiatra. Já estava agendada há um mês.  Pensei que seria mais uma consulta de rotina, apenas para avaliar dosagem da medicação e renovar receita.

Eu estava muito fragilizada, passava o dia no trabalho segurando o choro, ao largar chorava no ônibus e engolia o choro ao chegar na casa de mainha. Passei uns dias dormindo lá.

Contei para a médica o que houve e para minha surpresa ela foi tão acolhedora. Foi uma consulta psiquiatra humanizada. Ela demonstrou cuidado e atenção não apenas comigo, mas se estendeu à minha família. Quis saber como estava cada um, principalmente minha mãe. Pediu para que ficasse atenta a ela. E se dispões a falar por telefone se eu sentisse necessidade.

Sai tão mais leve dessa consulta. Os diversos fragmentos soltos em minha cabeça começavam se juntar dando forma a uma peça gigante como num mosaico. Nossas vidas era resultado de muitos miudinhos, muitos pedacinhos, muitos momentos de dor e de cor. De choro e risadas.

Eu precisava aceitar que ele fez parte de um todo na minha vida. A partir daquele todo outras peças continuam em construção. E eu preciso viver!

Encontrou-se com o único mal irremediável

“Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre”. (Ariano Suassuna em O Alto da Compadecida)

Dessa vez foi painho. Partiu neste dia nos deixando com tanta dor. Nos custou entender que foi melhor pra ele. Foi desesperador!

E foi justamente ao ver o sofrimento de mainha e cada um dos irmãos e irmãs que pensei: Não. Eu não posso desistir de mim. Não vou provocar tamanha dor e para tanto preciso cuidar de mim, mente e corpo porque depressão não é irremediável.

Para quem não entende ou não quer entender, deixarei alguns desenhos sobre o que se passa na vida de quem tem depressão:

O texto e matéria completa encontra-se no link https://super.abril.com.br/comportamento/um-dia-na-vida-de-uma-pessoa-com-ansiedade-ou-depressao/


Com quadrinhos de Helô D’Angelo

Sim, eu tenho depressão

O primeiro texto de 2020 não poderia ter sido sobre outro tema: Depressão

Não é um problema simples de tratar, não é um assunto agradável para discutir.
É um problema sério, que dói e me machuca, além de preocupar quem gosta de mim.

Postarei sem divulgar o link; Logo, só os curiosos de plantão, os que buscam o assunto no Google, ou quem segue meu blog chegarão até esse texto.

Sim, eu tenho depressão. Problema que iniciou em 2012, cujo gatilho foi uma perda gestacional. Só 6 anos depois busquei ajuda profissional. Iniciei com psicóloga e meses depois incluímos à psiquiatra; precisei de medicação para enfrentar o dia e para relaxar e dormir à noite.

Durante esses 8 anos tive recaídas; sair da cama, tomar banho e me arrumar era uma luta diária. O convívio social muito angustiante, mas trabalhar é preciso e foi no trabalho onde encontrei meu refúgio e apoio de muita gente do bem. 

Foi no trabalho também que encontrei as piores pessoas, gente perversa. Elas não apenas ignoram o problema ou naturalizam. Elas chegaram a duvida e zombar. Para essas pessoas o problema só será levado à sério quando sentirem na pele ou se eu desistisse de lutar pela minha vida.

Quem tem depressão sofre, chora, sente dor emocional, mas não sabe dizer onde dói. Deve ser na alma. Felizmente quem tem depressão também sorrir, também vai à praia, tira férias e viaja. E vai à Europa também tá!?

Eu poderia continuar escondendo esse problema com medo das pessoas do mal, mas as pessoas do bem são tantas. E são elas que me fazem continuar na luta.

Para 2020 mais sorrisos, mais abraços, mais diversão, mais trabalho, mais pessoas do bem!

Textos sugeridos:

Entenda a parte genética da depressão - https://www.medley.com.br/podecontar/preciso-ajuda/depressao-hereditaria
Depressão Sorridente: Quando A Tristeza Se Esconde Atrás De Um Sorriso - https://www.portalraizes.com/depressao-sorridente/
Porque está sorrindo se diz ter depressão? https://www.medley.com.br/podecontar/preciso-ajuda/depressao-hereditaria